segunda-feira, setembro 24, 2007

The last one

This is the last post I write about Ljubljana, Slovenia and Erasmus.
At least for now...

I decided to do it now because i feel like this all story is coming to an end. I guess i buried the ghost when I recently went there, this summer. It was so good to be back as I explained before (in portuguese, i know, sorry!) but it meant the end of a cycle as well (it was about time!). I guess thats good, 'cause i dont think about Slovenia "in pain" anymore. Sure it was the best time of my life (so far) and it will be difficult to be beatten, but its over! I thank everyone of you who were there with me, who made it so fun :D

I didnt write all the articles i should have written... There were more episodes to tell but i just dont feel like writing anymore! As I said in the first post, i hope I won´t forget anything! It was to important to be forgotten. The things we did, what we learned with each other, what we said... A moment, a weekend, a trip... A glance, a sentence, a dance... they can be immortal and be real forever, be important everyday of our lives... even if we didnt believe it/realised it at the proper time. I think I will never forget one sentence Simone told me once we were walking home from the bus: "here nothing is real". That echoed in my mind forever, it was so damn true!!! We were just living a dream, a sweet dream, but after february we woke up for life! Another good sentence was Gigi's "you still have to be beaten a lot" meaning that there were a lot of things i still had to learn about life, people... That was a lesson for life! I bet you guys didn't remeber that, did you?! :p

In 3 days it will be 2 years that I went to Slovenia with José. We drank a few Lasko Pivos just a couple of weeks ago, it was fun! I'm proud that in the mean time I met so many of you :) on the other hand, its a pity i havent met everyone who lived with me, Daniel (he was the last person I saw in Ljubljana!) included. We have to work it out, we live in the same country!!!

I did what i did, i fought for what i believed to be the right action at that time, and that is me, the Tiago you can still count on! Thanks to the one who dared to read some of my posts lol


"normal in portugal"


"I will always have to go back there"



The view from the closed window in Postojna and Prešeren's statue, at the night they turned on Christmas lights


sexta-feira, julho 27, 2007

LJUBLJANA (LITERALMENTE) REVISITADA!

Ljubljaaaaaaaaaaaaaaaaannnnnnnnnnnnnnaaaaaaaaaaaaaaa!!!

Finalmente estou de volta =))))

Cerca de um ano e meio depois de partir, cá estou eu de novo! E que bom é estar de volta a um sítio que conhecemos e onde nos sentimos bem!

Bem, na verdade já estou de novo em Portugal mas comecei a escrever (as 4 linhas acima lol) em plena Ljubljana :)

Foram 3 semanas bem aproveitadas e bem fixes! Tinha pensado em voltar este verão à Eslovénia apenas alguns dias enquanto turista mas depois surgiu a oportunidade de voltar por 3 semanas para fazer um curso intensivo de língua eslovena. Assim foi excelente, foi tempo suficiente para ir a quase todos os sítios por onde tinha andado da primeira vez e até para ir a outros onde nunca tinha estado (como Maribor, a 2ª maior cidade eslovena ou até mesmo o famoso Tivoli Park em Ljubljana, onde, acreditem ou não, nunca tinha ido!)

Para além disso ainda tive tempo para fazer novos amigos! 3 semanas não é muito tempo, mas é o suficiente para se conhecer pessoas quando passamos muito tempo juntos. Vivíamos todos numa residência de estudantes em apenas 2 andares. Estávamos divididos em 3 turmas pequenas consoante o nível (claro que eu tava no mais básico lol) mas tirando as aulas passávamos muito tempo juntos e fazíamos excursões e actividades em conjunto.
Consegui fazer bons amigos, o tempo dirá se amigos para a vida como foram os de erasmus. O meu roommate era russo mas viva na Alemanha há 12 anos, era um gajo porreiro! Depois havia bastante pessoal dos balcãs (croatas, uma alemã de origem sérvia, macedónios, búlgaros, uma romena...), uma suiça, 2 ingleses e alguns italianos e austríacos (estes eram normalmente filhos ou netos de eslovenos). Eu era praticamente o único que estava ali "deslocado" por nem ter ascendência eslovena nem estar a estudar esloveno na faculdade e também por ser de "longe".
Pelo meio ainda revi alguns amigos eslovenos:)

Foi giro voltar a viver lá, ter a rotina de ir às aulas de manhã (sim, desta vez fui sempre às aulas, em 3 semanas só faltei uma vez... tinha ido para o KMS na noite anterior LOL), à tarde ir até ao centro dar uma volta ou praticar algum desporto nos campos ao pé da residência ou simplesmente dormir a sesta! Curiosamente a residência era a 3 ou 4 ruas da minha antiga casa, pelo que, voltei precisamente aos mesmos sitíos, ao mesmo autocarro (a linha nº1 de Mestni Log para Vižmarje)...

A cidade continua lindíssima e elegante como sempre. Para dizer a verdade, no verão é ainda mais bonita! Toda arranjadinha, muito verde e com muitas flores, o sol transforma tudo isto num cenário bastante agradável. Os bares nas margens do rio Ljubljanica ficam mais cheios que nunca, vêem-se pequenas embarcações de turistas a navegar rio acima e a noite é movimentada. O ponto central de toda esta animação é, obviamente, Prešernov Trg, polvilhada de pessoas, bicicletas, turistas e máquinas fotográficas, línguas estrangeiras e animação de rua!

Desta vez não fui nem de perto nem de longe o party animal da primeira vez (tinhamos presenças obrigatórias :|) mas ainda deu para voltar ao grande Kmš, ao Bachus e ainda dei um pulinho no Tramontana! Está tudo mais ou menos na mesma, tirando o Hombre que como já tinha dito agora é uma pizzeria. Mesmo assim fui lá jantar ou apenas beber uma Laško pivo bastantes vezes porque era mesmo ao lado da residência :)

Foi sem dúvida uma viagem produtiva: revisitei Ljubljana, fiz amigos, aprendi esloveno mais do que poderia supôr e ainda fui dar uma volta durante uma semana pela ex-jugoslávia - Sérvia, Montenegro e Dubrovnik, Croácia!


Na foto, um final de tarde solarengo em Ljubljana. Vista da Prešernov Trg com o próprio Prešeren à esquerda ao sol:)


"vou ter de voltar lá sempre!"

domingo, maio 27, 2007

[Receptionnews] THIS WEEK PROGRAMME!!!!!!!!!!!! [7/11/05 to 13/11/05]

One of the best things about beigng an erasmus student in Ljubljana was the easy way we had fun and parties! The truth is that we didn't have to do much... We just had to sit down an wait for the weekly email with the subject "[Receptionnews] THIS WEEK PROGRAMME!!!!!!!!!!!!".
These emails were sent by the international office of the students organization of the University. These guys were working just for us to have fun, preparing stuff like parties, activities and trips!! They were awesome, those months wouldn't have been the same without them =)

Below you can see the email they sent for the week 7/11/05 to 13/11/05 with all the activities and explanations!



Monday 7.11.

Competition in dating strategies in Parlament pub between two nations this time Spain and Latvia at 21.00. You will have the opportunity to learn some typical words, to listen their music and of course having fun!!!

Tuesday, 8.11.

Party in Net Caffe with sloveninan students at 22.00. We will have special prices of drinks!!

Wednesday, 9.11.

DAY OFF!

Thursday, 10.11.

Debate in British Council on Sex, Drugs & Electroclash at 18.00 with Dražen Dragojević and Timothy Gallagher. Dragojevič studied English and Comparative Literature at the University of Ljubljana. He is a TV presenter, literary critic, editor, translator and actor. Gallager was born in Northern Ireland, has put life as a high-flying legal eagle to one side in order to teach English in Slovenia.

Travelers diary about Austarlia in KMŠ at 20.00 and later on party. There will be conversation with people who travelled there, people who live there, so it will be a great opportunity to find out something new and interesting about this country. THE DISCUSSION WILL BE IN ENGLISH!!

Friday, 11.11.

Traditional slovene dinner for Martinovo in restaurant Plečnikov hram. Martinovo is one of slovene traditional habbits. You need to apply till Wednesday 9.11. You will pay with student cupon. There will be a slovene music also. It will be one experience more with slovene culture.



Saturday, 12.11.

DAY OFF!

Sunday, 13.11.

TRIP TO VENICE!! Meeting point at 5.45 in the morning at parking place in Tivoli.

You need to apply till Wednesday 9.11. till 15.00.

Arrival to Punta Sabbioni at 10:00 and after the boat trip to Burano island. Sightseeing on the island and after the boat trip to Murano island, sightseeing in glass workshop. Departure to Venice and arrival at approximately 14:00, sightseeing Plazza San Marco and walk to Rialto. Free time.Departure at 17:15 and arrival to Punto Sabioni at 17:45. Departure to Ljubljana at 18:00 and arrival at approximately 22:00
Guided tour will be in english!
The prices are (per person):
minimum 45 people: 7570 SIT [31,5€]
minimum 40 people: 8070 SIT [33,6€]
minimum 35 people: 8770 SIT [36,5€]
minimum 30 people: 9670 SIT [40,3€]
minimum 25 people: 10970 SIT [45,7€]

Thanks for all you guys from the international office!!!

segunda-feira, maio 21, 2007

Dia a dia

Após a noitada no Parlement/KMŠ/Hombre eis que a Terça-feira chega! Terça era um dia porreiro: não tinha aulas :) era o único dia.
Normalmente dormia a manhã toda. Depois dependia... Às vezes telefonavam-me para ir almoçar, outras vezes ia eu para o centro ou para a faculdade tratar dos meus assuntos ou à net. A net era importante, ia quase todos os dias, afinal era a única maneira de falar com os amigos cá, saber novidades da pátria e estar em contacto com o mundo, uma vez que não tinha TV. Mas em abono da verdade, também nunca me fez falta!
A outra solução era dormir também a tarde toda ou pelo menos uma boa parte e depois acordar, vestir e apanhar o autocarro a correr para ir para o centro antes das 18horas para comer com os cupões. Note-se que nestes dias conseguia fazer a proeza de juntar pequeno-almoço, almoço, lanche e jantar num só!

Se não jantava logo, comia qualquer coisita em casa (quando havia!) e jantava mais tarde na Pizzaria Foculus, no Emonska Klet (um restaurante muito fixe na cave de uma igreja/mosteiro) ou no famoso Sokol (sempre com muitos estrangeiros).

As tardes e noites em geral eram parecidas para todos os dias... dormir, pastar e sair à noite lol. Bem as manhãs também eram parecidas: dormir!
A diferença das noites basicamente residia nas de Segunda, na ida ao Parlement Pub porque nas outras íamos logo para o KMŠ, mas mais cedo.


Às Quartas-feiras inicialmente tinha Research Methodology às 10 horas e depois decidi pôr Business English das 8 às 10 para poupar uma tarde qualquer. Claro que essas ideias à betinho de pôr as aulas todas seguidas não foi grande coisa: acabei por ir apenas uma vez! Era muito cedo!... Depois acabei por mudar para outro horário qualquer mas nem nunca lá pus os pés :p
O Research Methodology também foi ao ar!... Apesar de ter ido "algumas" vezes (seguramente 2 ou 3 lol) não fiz os trabalhos de casa (não ia, como é que eu podia saber quais era os trabalhos e entregá-los?!), não fiz as actividades da aula (não ia, como é que podia fazê-las?!), tive 25% num teste (lol, idem)... É que aquilo era uma grande seca e tão cedo... Coitadinho de mim, acordar às 8:30 depois de ter deitado tão tarde... E o frio??? Ui, levantar tão cedo com aquele frio era perigoso, ainda me constipava... Era mais seguro ficar na cama, quentinho, a dormir!! IHHIHIHI.

As tarde e noites era como as de 2ª e 3ª mas algum pessoal escolhia a noite de 4ª para mudar um pouco e ir à discoteca mais in, a Global. A discoteca era no último andar de um centro comercial e tinha um elevador que ia directamente da rua à disco. Lá de cima a vista era agradável. A 4ª era a noite do hip-hop e a entrada era grátis ou mais barata. Mesmo assim eu só lá fui 2 vezes porque não me agradava muito.


À Quinta-feira tinha a bela cadeira de Environmental Economics in Tourism! Uma cagada, era fazer os 2 ou 3 trabalhitos que ela mandava e que contavam para avaliação e pronto!... Fui umas 4 vezes, na véspera dos trabalhos e no dia de apresentação. Não me recordo bem mas penso que essa aula começava por volta das 9. A melhor coisa dessa cadeira foi que um dia fomos dar um passeio a um parque/montanha chamado Triglav Park que fica em plenos Alpes! E de borla :D


À sexta-feira tinha Globalization and Democracy. Esta cadeira não era leccionada na Faculdade de Economia, mas sim na Faculdade de Ciências Sociais. O que vale é que eram uma ao lado da outra!
Claro que ter uma cadeira destas (era só paleio) a uma Sexta às 8 da manhã era obra!... Conclusão, fui umas 3 vezes. Ainda por cima o prof tinha um aspecto muito duvidoso mesmo (leia-se abichanado) e o pessoal também não ajudava porque eram erasmus atípicos: raramente os via nas festas e a maior parte não conhecia mesmo. Estavam lá para estudar e pouco mais... estranho!

Sexta-feira à noite normalmente era dia de festa rija, afinal o dia seguinte era Sábado (como se nos outros dias não fosse ahaha). Às vezes havia festa em casa de alguém, saía mais pessoal, era mais fixe! Mas o roteiro nocturno era mais ou menos o mesmo.

Às vezes ao fim-de-semana íamos viajar e bazávamos logo na Sexta. Se assim não fosse o Sábado era praticamente um dia igual aos outros com a diferença que não se faltava às aulas lol. Mais para o fim por vezes ficava-se o dia todo em casa a dormir e na conversa e só se saía à noite. Chamávamos 2/3/4 táxis dependendo do nº de pessoas que estavam em casa e das visitas e lá íamos. Chamávamos o "Táxi Metro", os mais baratos de Ljubljana e lá íamos. A certa altura já nos conheciam lol. Houve um taxista que nos perguntou se aquela casa era um hostel, tal era o corropio LOL.


O Domingo era mesmo o dia do pastanço... Acordar tarde, dar uma voltita pelo centro para comer e pronto. Acho que nunca saí à noite ao Domingo. Mas devia ter ido à festa gay/lésbica que havia no K4 porque diziam que valia a pena ir só para ver as miudas enroladas umas com as outras lolol.

quinta-feira, maio 03, 2007

Dia a dia (2ª-feira)


Já aqui falei de alguns acontecimentos isolados mas nem tanto da experiência global. Então, nada melhor que relatar o dia a dia, como realmente era a vida e se passavam os dias. Bem, se eu quisesse resumir rapidamente bastava dizer 3 palvras: sair, divertir-se, passear! Mas para não fugir muito ao costume vou optar por um post longo e maçudo :)

Comecemos então pela 2ª-feira! À Segunda-feira as aulas começavam às 11h, tinha a cadeira de Socio-Economic Development and Contemporary Slovenia com o professor Zarjan Fabjančič. Basicamente dava-se a história da Eslovénia e dos Balcãs. Era a única aula a que fui regularmente (apenas faltei 2 ou 3 vezes) por várias razões: ao domingo normalmente não se fazia nada e dava na 2ª para acordar a horas lol, porque não era muito cedo e dava para acordar a horas LOL, porque até era interessante (mas tb um pouco secante) e porque se via muita gente, visto que essa cadeira acho que era a única que praticamente toda a gente tinha.
A seguir o almoço era normalmente lá perto, num restaurante/cantina chamada Šumi ou numa pizzeria também perto, da qual já não me lembro do nome :|

A seguir havia várias opções possíveis. Uma era voltar para a faculdade para ir para a sala de Erasmus (a sala R111 creio!) onde havia uma meia dúzia de comptadores só para nós, para irmos à net e fazer os trabalhos de grupo. Outra hipótese era ir também para a net mas no centro da cidade, no edifício da Associação de Estudantes da Universidade de Ljubljana, onde havia um cyber café. Normalmente por lá também se encontrava sempre pessoal conhecido. E isto tudo porque só a partir do Natal tivémos net em casa (antes apanhávamos mas só num dos portáteis e muito mal porque era wireless roubada ao vizinho eheheh).
Às vezes íamos até ao centro dar uma volta ou até à Rožna Dolina, uma grande área só de residências de estudantes, onde viviam aos milhares (havia 14 edifícios!) e claro, onde também viviam muitos erasmus.

Depois, por volta das 18 horas íamos jantar porque muitos dos restaurantes não aceitavam os cupões que permitiam aos estudantes comer após essas horas. E depois? Depois dependia... Às vezes ia para casa fazer tempo para sair à noite, mas isso foi mais para o final pois no início mal parava em casa, quase só lá ia dormir! Íamos até a casa de alguém que fosse mais perto do centro, ou para a net à AE... também dependia do que se tinha feito antes.

Por vezes esticava-me nas horas na net e depois tinha que ir jantar um burek (uma comida típica dos balcãs que é vendida como fast-food) ou uma pizza, que era praticamente a única coisa que se podia comer depois das 18h com cupão...

A Segunda-feira à noite era sinónimo de encontro de Erasmus num bar, o Parlement Pub. Começava cerca das 22h e era até às 2 da matina, quando encerrava. Era sempre fixe o ambiente no bar porque o pessoal ia todo para lá e quase não havia "estranhos", era aquele sentimento de conhecer toda a gente, de estar em casa. Conversava-se com muita gente, houvia-se boa música e bebiam-se as primeiras cervejas Laško da noite (bem... depende às vezes tinhamos "pre-party" em casa de alguém!). Foi também no Parlement Pub que conheci muitas das pessoas no início, principalmente os que andavam noutras faculdades que não a minha.

Quando fechava, a noite seguia! De lá a paragem obrigatória era o KMS. Noite que era noite tinha KMŠ, uma espécie de discoteca, pequena, lá numa cave! Mas aquilo era animado: a música era fixe (ok, nos primeiros 15 dias a música eslovena não dava com nada, mas depois a malta habituou-se!), havia muito pessoal bebedo e muita loucura. Diverti-me lá bastante!! O KMŠ era uma espécie de meca para os Erasmus - apesar de a maioria dizer que não gostava e que só com os copos lá conseguia estar - e uma 2ª casa para mim :D

Pena é que aquilo fechava cedo, entre as 4 e as 5... Depois normalmente ia para casa (às vezes a pé, de bicicleta, de táxi...) mas não poucas vezes passei ainda pelo Hombre, um bar/discoteca que ficava a caminho de minha casa e que oficialmente estava aberto 24 horas por dia, apesar de normalmente estar fechado de manhãzinha. Mas aquilo era o degredo!! Quando lá chegávamos já estava pouca gente e fraco, muito fraco, pelo que não me aguentava por lá muito tempo. Das 15/20 pessoas que lá estavam 3 ou 4 eram empregados, 3 eram mulheres (uma feia, duas com gajo), 3 eram bebedos e o resto eram gajos... Este sítio tinha uma particularidade: tinhamos que assinar o nome à entrada. Eslovenices!...

E pronto lá estava eu em casa, em média, lá p'rás 6 da manhã! Mas o chegar a casa não significava que se acabava por ali a noite. Às vezes quando chegava a casa estava o pessoal no andar de cima acordado na conversa, a jogar cartas, computador, etc e lá ia eu mais um bocadito.

Muitas vezes quando ia mesmo dormir já era de dia ou estava a amanhecer e quando acordava (já estamos na terça-feira!) já era de noite porque no pico do inverno fazia-se de noite às 16 e 30, pelo que não chegava a ver o sol lol, tipo vampiro!

Next post, Terça-Feira!!

Na foto está uma foto da MINHA t-shirt do grande KMŠ!!! Era a camisola que os empregados usavam. Quando faltava cercade um mês para me vir embora fui pedir uma a um empregado. Ele disse para eu falar com o dono e eu lá fui. Expliquei-lhe que gostava muito daquele sítio e que gostava de levar uma camisola para recordação, ao que ele me respondeu que estavam esgotadas. Eu insisti que pagava o que tivesse que ser (ou não!...) e ele disse para eu lá voltar 15 dias depois. E não é que depois ma deu mesmo sem pagar nada?!?!

terça-feira, abril 17, 2007

Tugas, tudo bons rapazes!!!

Como disse no primeiro post deste blog, o grande objectivo é recordar! Recordar de duas maneiras: a primeira escrevendo. Quando decido escrever sobre determinado acontecimento tenho apenas em mente o tópico, como por exemplo "o vizinho assassinado" ou "o frio". Ao dar início à escrita propriamente dita do artigo, começam a jorrar lembranças na minha cabeça, ideias encadeadas de como tudo se passou, tal qual como se estivesse a ver a acção toda nos negativos dos antigos rolos fotográficos (mas a côr :p). E à medida que vou escrevendo, de mais cenas me vou lembrando, às vezes até com bastante detalhe. Isto é muito fixe, pois o facto de meditar bastante sobre estes assuntos enquanto escrevo, faz-me relembrar os tais detalhes, que de outra maneira se perderiam para sempre :D

A segunda maneira de recordar é reler passado alguns tempos!


Voltando ao título, hoje procuro lembrar-me dos sentimentos que me assaltavam quando se via um tuga por aquelas bandas (excepção feita, claro, aos cerca de 30 que também lá estavam em erasmus).
Devo dizer que pelas paragens por onde andei e passeei, não se vislumbravam muitos portugueses. Já espanhóis ui, era uma praga!! Estavam em todo o lado e aos molhos. Como se costuma dizer, "eram mais que as mães"! Ou então eram sul americanos, não sei, mas lá que falavam espanhol, falavam!! Quando os meus amigos espanhóis diziam que não se viam portugueses porque somos pobres e não temos dinheiro para viajar, eu dizia que não, temos tanto dinheiro que só viajamos é em época alta =)

De qualquer maneira, e fazendo jus ao ditado que diz há um conterrâneo nosso em cada canto do mundo, de vez em quando lá se avistava o espécime! E que engraçado era ouvir português assim do nada! Principalmente quando se está habituado a ouvir na rua uma língua estranhíssima ou inglês. Ficamos logo de orelha em riste e claro vamos lá dar uma palmadinha no ombro em sinal de que também fazemos parte da "irmandade tuga"! No estrangeiro somos todos irmãos. Temos um sentimento forte de nacionalidade, tão forte que nos leva a criar logo amizade com a pessoa e até a oferecer-lhe a nossa casa para pernoitar (isto aconteceu!!!). Os estrangeiros ficavam incrédulos como confiávamos nas pessoas. Nós somos assim, tudo bons rapazes!!

Houve várias cenas engraçadas...
Uma delas foi quando voltei para Portugal e passei a noite num aeroporto de Londres (uma estória para um outro dia!...). Quando estava lá a montar o estaminé para dormir... oiço falar tuga, e quando vi de onde vinha, eram 2 homens da limpeza lol. Ia um montando numa espécie de aspirador e o outro a dizer "passa aqui, limpa ali, vê acolá" LOL. Fui lá ter com eles dar as "boas noites" mas praticamente ignoraram-me, nem pareciam imigrantes lol. Decidi ir deitar-me na toalha que tinha estendido no chão qual sem abrigo e pronto...

Outra vez estava em Berlim, no museu dedicado aos judeus, tudo em silêncio e tal... De repente começam-se a ouvir vozes alto, e quando chegam ao pé de nós... tcharam!! Tugas no seu melhor, com o sotaque do norte e em amena cavaqueira lolol. Dessa vez não me denunciei ihihihi.

Caricato mesmo foi quando ia eu de visita a uma pequena cidade de nome Postojna que tem a maior gruta do mundo (ou será da Europa?!...) e um castelo medieval espectacular. Fui de comboio, daqueles antigos com compartimentos, e quando parámos na estação, passaram 2 casais de meia idade no corredor a conversar. Quando me apercebi que eram portugueses saí a correr do meu compartimento e disse "Bom dia!". Eles viraram-se para trás muito espantados lol. Começámos a conversar, eu a explicar o que estava ali a fazer e eles também (andavam ao passeio, os cotas!), donde éramos, etc.
Eles eram da Ericeira. Da Ericeira!!!! Eu tinha um "roommate" que também era da Ericeira, carago!!! Perguntei pelo nome mas não conheciam, mas quando disse que ele tinha um restaurante chamado X lá na vila declararam "já sei! é o filho do Y". Póing!!!! Então eu tava ali no "fim do mundo" e encontrava 4 gajos que conheciam um gajo que vivia comigo?!?!!? O mundo é mesmo pequeno, e aqui a Lusitânea é uma autêntica aldeia =)

Mas giro, giro foi quando num belo dia ia eu a passear por Ljubljana, a pé mas com a bicicleta, e passa por mim nada mais nada menos que um colega meu da faculdade, da minha turma!!!! Tipo, um gajo pensa: "tu não pertences a este mundo, o que andas aqui a fazer?!". Deve ter sido mais ou menos isso que eu lhe perguntei lol. Mas aquele até era perceptível. Ele tinha lá estado a fazer erasmus no ano anterior. Aliás, foi ele quem me incentivou a ir para lá ;) (façam-te uma estátua pá!). Mesmo assim foi muito estranho porque não estava à espera. Tinha mesmo a sensação que ele estava deslocado, que não fazia parte daquilo... Foi como ver um fantasma a voar ao meu lado lol.

Nós tugas somos, como os ratos, 'tamos em todo o lado! (Também podia ter dito que somos como deus, mas com essas coisas não se brinca lol).

segunda-feira, março 05, 2007

Portuguese Flavours on fire!


Qual é a nação, qual é ela, tão grande que tem uma festa na discoteca mais "in" de Ljubljana?!
NÓS, os tugas, claro!

O que é ser português? Como é a nossa língua? Quais são os nossos costumes e porque são "assim" e não de outra maneira? Como é que os restantes povos nos vêem?

Já toda a gente tentou imaginar como é que os turistas ingleses ou alemães e também espanhóis olham para nós. Isto leva-nos a meditar, sem certezas, sobre a última pergunta das que faço no parágrafo a cima. Mas para dar resposta às outras 3 questões (e até mesmo para suscitar tais duvidas) é necessário ausentar-se da nossa casa, da nossa sociedade, do nosso país.

Vou então tentar dar resposta a essas questões... Leia-se: vou mandar às urtigas a imparcialidade e limitar-me a dar a minha opinião pessoal!!

Começando pela tal última questão, recupero uma frase que disse no Post de 24 de Novembro sobre a reacção típica de quando se travava uma nova amizade: "sorriam muito para nós quando dizíamos que éramos portugueses ao mesmo tempo que diziam bastante empolgados e contentes 'oh! Portugal... sun, beach, nice people, parties!!!' ".
Parece que o flyer a anunciar a festa na Global, 5ª-feira, dia 8 de Dezembro de 2005 vai mesmo de encontro a essa descrição :D [não percebi foi o porquê de uma rapariga bastante sensual e com o fogo a sair-lhe da... das cuecas!!! LOLOL Publicidade enganosa ;)]

De qualquer maneira penso que a ideia dos estrangeiros sobre nós é essa. Acho que a esmagadora maioria não pensa que somos uns coitadinhos, uns pobretanas e uns subdesenvolvidos. Pelo menos o pessoal mais jovem, pelo contrário, dá-nos bastante valor, principalmente devido à nossa situação geográfica e ao futebol!
Bem, os espanhóis parece-me que em geral têm uma ideia sobre nós bastante própria que é o facto de simplesmente não terem ideia!!! Vou fazer uma comparação: Portugal está para Espanha como o Porto está para Lisboa, ou seja, o Porto está sempre a reivindicar contra Lisboa, têm aquele estigma de ser a 2ª cidade, estão sempre a dizer mal do sul, etc. Em Lisboa não se fala do Porto, ou o pouco que se fala é por resposta. O Porto está lá, no sítio dele, e as pessoas em Lisboa não se preocupam, no fundo não querem saber se o Porto é assim ou assado, não é por mal, é por estar longe e não interferir nas suas vidas (sinto-me à vontade para falar destas coisas porque sendo eu um homem do centro não tomo partidos!). O sentimento dos espanhóis é um bocado esse: a indiferença, o desconhecimento... Portugal é apenas um pedaço de terra que está ali ao lado... Os rivais para eles são os franceses! No entanto devo dizer que tenho bastantes amigos espanhóis e os que conhecem, gostam bastante do nosso país, no fundo acho que a época das rivalidades já era...

Voltando à ideia dos estrangeiros sobre nós... Para mim era extremamente gratificante uma reacção daquelas. É um motivo de orgulho ser português! Os eslovenos e os outros erasmus não davam tanta importância a outras nacionalidades como a nós. É certo que o grupo de portugueses (talvez a nacionalidade mais representada) também fazia por deixar a sua marca (óbvio, ou não fossemos nós tugas de gema!) mas para além disso já havia um certo fascínio nos habitantes locais! Posso dizer que o tuga era REI lol. Basta contar rapidamente que um dia numa discoteca estava à conversa com uma eslovena (em inglês, claro!) que não acreditou que eu era português porque já tinha havido eslovenos a irem falar com ela em inglês e a fazerem-se passar por portugueses porque sabiam que as gajas gostavam de nós e assim era mais fácil... Depois mostrei-lhe o BI lol isto é verídico!!!!
Para além de nós, também os espanhóis faziam bastante furor (quiçá mais). As qualidades apontadas são mais ou menos as mesmas que a nós, com a agravante da língua mais difundida e da música. Pode-se dizer que os eslovenos são autênticos fãs da música latina tipo Shakira, Gipsy Kings, etc. Todos os dias passavam nas discotecas.

É também de salientar uma certa indiferença com que algumas pessoas (nacionalidades) tratavam espanhóis e portugueses como se fossem um só... No fundo até tem uma certa lógica devido às nossas proximidades culturais, linguísticas, físicas e... geográficas!!! E claro, apesar de na Europa toda a gente saber que Portugal é um país independente, quando um desses estrangeiros aponta para o mapa, diz que ali é Espanha. Não levo a mal, afinal quando nós olhamos para o mapa, "ali" é a Escandinávia e ninguém faz distinção entre países...

Voltando às perguntas de partida, para tentar responder à primeira é necessário responder às duas seguintes, visto que as três se confundem. Ser português é falar em português e viver a nossa cultura, claro!
Só lá comecei a filosofar sobre a nossa língua, ou seja, tentei ver a nossa língua de fora, com os olhos de alguém não nativo em português. Pessoas de várias nacionalidades (incluindo espanhóis) me disseram que a nossa língua parece russo, algo que me surpreendeu bastante. Afinal para nós russo não tem nada a ver com a nossa querida língua, é uma língua feia e imperceptível. No entanto, é assim que o português se faz ouvir para certas nacionalidades: uma língua rápida, imperceptível e em que uma frase parece uma só palavra, só se percebe "che, vege, ge". Realmente, se lermos atentamente uma frase no plural, por ex. "os gatos são pretos", percebemos ao que estas pessoas se referiam. Curioso, hã...?! E ainda há mais: ao contrário, por ex. do espanhol, não lemos como escrevemos. A frase que acima se escreve de tal forma, lê-se (como toda a gente sabe!) "ux gatux são pretux". Ou será "úge gatúge são pretúge"?! Bem, aceitam-se sugestões!! De qualquer maneira espero que tenham percebido a mensagem lol.

A nossa cultura e hábitos são também questões das quais só paramos para pensar quando nos afastamos delas. Vou tentar exemplificar:

Na Finlândia os putos deixam os sapatos à porta da escola primária. À primeira vista parece-nos estranho, mas o objectivo é que elas se sintam o mais à vontade possível, como se estivessem em casa.
É claro que nunca questionámos o facto de calçarmos sapatos na primária (ou milhares de outras situações) porque nunca conhecemos nenhuma diferente... "É assim porque é assim".

Podia enumerar várias outras, no entanto vou destacar a maior diferença cultural que encontrei entre nós (e os espanhóis) e o resto da Europa em geral. Em quase todos os outros países é normal um rapaz ou uma rapariga ir dormir a casa da namorada/o, no mesmo quarto (com tudo o que isso implica...) a partir dos 15/16 anos. Vivendo ambos na mesma cidade, com os pais lá, tudo normal!... Foi impressionante! Para nós seria impossível tal cenário por tudo e mais alguma coisa: a idade, os pais... Imagine-se um pai português pensar que a filha de 16 anos está a dormir com um gajo qualquer "que a quer desgraçar"! Ainda por cima debaixo do mesmo tecto LOL. Claro que nós nunca questionámos porque não o fazemos... Afinal, ninguém o faz, nem sequer poderíamos imaginar que para muitos milhões de europeus isso é normalíssimo, até alguém o dizer.

Afinal ser português é toda esta maneira de ser, a língua estranha e muito mais!! É o ser desenrasca, falar línguas estrangeiras bem melhor que espanhóis, franceses e italianos (e reconhecidos por isso ;)), ser descobridor e alegre! É ser uma nação tal, que no meio de uma amálgama de nacionalidades há uma que se destaca e tem direito a uma super festa na super fashion Global com um DJ português, também nessa altura erasmus em Ljubljana. Aliás, digo mal, não foi uma festa, foram duas! A festa foi um tal sucesso (não faltou a bandeira (= ) que mais tarde houve uma segunda versão da "Portuguese Flavours".

Por tudo isto, e por outras coisas que ainda tornariam este post mais secante, É UM ORGULHO
SER PORTUGUÊS E UM PRAZER APRESENTAR-SE COMO TAL POR ESSA EUROPA FORA!

Tenho dito!

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Ljubljana, a cidade!

Belo blog encontrei quando ,
entre posts e lembranças,
pela net ia surfando.

Li-o todo sem parar,
já os olhos me doíam.
De ljubljana me vem recordar,
os tempos que lá se viviam.

Não seria eu capaz
Tão conseguido texto fazer.
Para tão bela cidade
é merecido, com certeza!
E vocês vão ter de o ler:

http://no-mundo.weblog.com.pt/arquivo/057426.html



O texto descreve a cidade de uma maneira que me agradou bastante. Não posso deixar de transcrever umas linhas que esbarram nos meus sentimentos como a manteiga no pão torrado:

"Ljubljana é sempre visitável. Há dois anos fiquei enfeitiçada pela fascinante pequena cidade (...) vou ter de voltar lá sempre."

"depois de ver o rio, apetece chorar por não poder ficar"



Resta-me filosofar sobre os aspectos não abordados.

A cidade a transbordar de vivacidade, movimento e alegria. É uma cidade estudantil ao estilo de Coimbra, com todas as implicações que isso traz: vêm alunos de todo o país, a população é jovem e dinâmica e há vários bares e discotecas que dão bastante côr ao panorama nocturno.


As feiras, concertos e outras actividades ao ar livre multiplicam-se, as bicicletas são parte da paisagem, e há um rodopio enorme na principal estação de autocarros (ao ar livre) no centro da cidade que marca o ritmo de um quotidiano que começa por volta das 6 da manhã.


Os edifícios da baixa e parte antiga são de traça original e admirável (isto é a maneira de um leigo em arte classificar um qualquer estilo arquitectónico :D) de estilo austríaco, dando assim origem a uma alcunha por vezes usada para Ljubljana: "Viena em miniatura". Se aliarmos isto ao rio com as suas margens fantásticas, verdejantes e floridas (não tanto no inverno!) temos uma cidade bastante bonita, romântica e acolhedora.


Os bairros dos subúrbios são pautados por vivendas e casas baixinhas mais ao estilo de uma aldeia do que própriamente de uma capital, como era o caso de Murgle, o bairro onde eu vivia. Ao lado da minha faculdade, na ponta oposta da cidade, havia uma plantação de milho, imagine-se!...



Se Ljubljana fosse uma mulher, casava com ela!



"vou ter de voltar lá sempre"

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Ilegalidades =)



Quando fui para a Eslovénia fui informado de que, no caso de lá ficar mais de 3 meses, teria de informar as autoridades.
Mas não foi isso que se passou e acabei por estar "ilegal" o tempo todo visto que estive lá quase 5 meses sem nunca informar ninguém...

Eu até queria ter ido lá à polícia avisar, mas não podia. E porque é que não podia?! Mais uma ilegalidade: não podia declarar um local de residência dado que, no contrato de arrendamento da casa não constava o meu nome!!

Nós éramos 5 portugueses lá em casa, 3 dos quais eu já conhecia da faculdade. E como eles foram uns dias antes de mim, começaram logo a procurar casa. Entretanto juntou-se-lhes outra portuguesa que precisava de sítio para ficar e eles viram aquela casa para os 4. Como havia 5 camas (em 2 quartos), quando cheguei eles disseram-me que podia lá ficar. No entanto, a renda continuava a ser equivalente a 4 pessoas, foi bom para todos lol. Esta situação até trouxe algumas situações complicadas e caricatas como quando o dono lá ia e eu tinha que me esconder no quarto ou na casa de banho!!! Mesmo assim o gajo apanhou-me lá 3 ou 4 vezes de manhã, de pijama lol, mas não houve stress.

O gajo da imobiliária é que era um granda cromo e andava sempre "em cima" de nós porque desconfiava. Uma vez até foi lá a casa sem avisar. A nossa sorte foi que não estava lá ninguém, ao que ele se dirigiu ao andar de cima (onde viviam mais 4 tugas e um italiano) a perguntar quantas pessoas viviam no andar de baixo LOL.

Esta brincadeira da dupla ilegalidade podia ter dado para o torto aquando da "investigação do assassinato"... Ainda bem que o inspector não pediu os documentos relativos à casa :D
Também houve outra situação de risco, quando demos uma mega festa lá em casa e os vizinhos chamaram a polícia! Às tantas aparecem lá dois carros da polícia mas nós prometemos que acabávamos a festa e não fazíamos mais barulho. Achámos melhor assim, quando eles nos disseram que se tivessem de lá ir outra vez a situação não seria bonita p'rós nossos lados eheheh.


Mais um post mais uma história!...
:D

sábado, janeiro 20, 2007

Aventuras na fronteira da Europa de Leste





Numa das muitas viagens que fiz fui a Budapeste. Cidade lindíssima, quem sabe um dia um post sobre tão nobre cidade?! O assunto agora é outro ;) Budapeste fica a cerca de 500km de Ljubljana e os países têm fronteiras comuns. À ida para lá, fomos directos (eu, um galego e um outro espanhol) mas o caminho na zona da fronteira é mau. Tem que se atravesar montanhas, as estradas são apertadas e cheias de curvas e para cumulo estava a nevar, o chão cheio de gelo, era de noite e um nevoeiro tão denso que um gajo mal via o seu próprio nariz lol.

Devido a estas condições climatéricas, demorámos 10 horas a fazer o percurso que habitualmente leva cerca de 6.


Enquanto estivémos na cidade, encontrámos alguns amigos erasmus que também tinham decidido ir lá nesse fim de semana e que nos disseram que havia um caminho melhor e mais rápido que o que tinhamos feito. Segundo esse trajecto, não passávamos directamente da Hungria para a Eslovénia, íamos da Hungria para a Croácia (onde fazíamos cerca de 50km) e depois é que entrávamos na Eslovénia. Assim foi!


À vinda para a Eslovénia já éramos 5 no carro, pois umas norueguesas tinham ido ter connosco a Budapeste de comboio no dia seguinte. Vínhamos nós muito bem, ao som de Chambao (um grupo espanhol de flamenco) quando cruzámos a fronteira da Hungria para a Croácia...


Naquela zona da Europa ainda há fronteiras fisicas. Os carros param (como nas cabines de pagamento das portagens) e as pessoas mostram os passaportes, andam uns metros e voltam a parar e a mostrar os passaportes, desta vez já no outro país. E de ambos os lados há postos de polícia. Quando saíamos ou entrávamos na Eslovénia, mostrávamos os passaportes e pronto, era tranquilo, por vezes nem os abriam assim que viam que éramos cidadãos da UE. Quando cruzámos a fronteira entre a Hungria e a Croácia é que houve sarilho lol. Do lado hungaro tudo bem: mostrámos os passaportes e seguimos.


Quando mostrámos os passaportes do lado croata mandaram-nos encostar e permanecer no carro. Esperámos!... Vêm dois polícias e mandaram-nos sair. Perguntaram-nos de onde vinhamos e para onde íamos e nós explicámos tudo muito direitinho! Mesmo assim decidiram revistar-nos. Penso que duvidaram de nós por sermos malta nova de paragens longínquas e também por o carro ter um aspecto suspeito lol. Era um Opel Corsa já antigo (um bocado em mau estado, sem um espelo lateral, etc) do galego, não tinha sequer a barra azul da UE na matrícula... eles não sabiam de onde era o carro.


E como a Croácia ainda não pertence à UE, "fizeram de nós o que quizeram" lol. Trouxeram uma mesinha com rodas e pediram-nos para tirar as malas do porta-bagagens. Retirámos uma por uma, enquanto eles iam abrindo e vendo tudo: tiravam a roupa, remexiam tudo, abriam as bolsas...

Entretanto perguntaram-nos se tinhamos drogas connosco ao que respondemos que não. Mesmo assim acharam por bem meter os dedos (com luvas!) nos cremes das meninas! Nós só nos ríamos, incrédulos com a situação e com tão pormenorizada revista. Uma das norueguesas pediu para tirar uma foto mas eles negaram, dizendo que aquilo não era nenhuma brincadeira. Esse tinha cara de mau, o outro era mais relax mas mesmo assim, a partir dali ficámos em sentido!

Após verem todas as malas, pediram-nos as carteiras e malas de tiracolo. Pegaram no maço e cigarros do galego e fizeram uma operação de farejamento tipo rex/max mas mais uma vez não detectaram nada!!! E eles que tavam mesmo com aquele ar " já caçámos estes"... tadinhos!... :)

Entretanto reviraram o carro de alto baixo. Acho que esta expressão é exemplificativa do que sucedeu! Até foram com aqueles espelhos para ver por baixo e nas rodas...


De seguida, chamaram-nos para dentro de um edifício... Disseram-nos para tirarmos os casacos e esvaziarmos os bolsos. Assim foi e eles lá vasculharam a tralha toda outra vez.... Quando foi a vez do espanhol mostrar o que tinha nos bolsos saca e uma carteira de 12 preservativo e partimo-nos todos a rir porque o gajo era um verdadeiro cromo (e claro, ficou todo encavacado com os bofias lol). Depois desta cena...SILÊNCIO!!...
"you, come with us", apontando para o espanhol. Desapareceram os 3 pelo corredor... PÂNICO ENTRE NÓS OS 4!!!!!!!!!!!! Começámos a pensar que nos iam revistar um por um, nas nossas cabeças passaram cenas de filmes e já acreditávamos que tudo nos ia acontecer. Desátamos a rir a imaginar que mal nos espararia mas também devido aos nervos. O galego aconselhou que não fizéssemos basqueiro, não fossem eles realmente "pesquisar-nos" com muito detalhe só por vingança por estarmos a gozar com a situação.

Minutos depois aparece o espanhol todo contente!!... Os polícias tinham lhe ido mostrar onde eram as casas de banho porque ele tinha pedido uma meia hora antes quando ainda estavam a ver as malas LOLOL. Ficámos todos contentes e demos o baza (aliás, eu antes ainda fui deixar um pouco de mim no WC ehehe).


Foi uma sensação esquisita. Por um lado pareceu-me voltar a trás no tempo, ao recordar as histórias que os meus pais contavam de quando iam a Espanha e os carros eram revistados na fronteira. Por outro lado tive mesmo aquela sensação de estar na "Europa de Leste", com a sua herança comunista: pobre e retrógrada como nós a pintamos (embora quase sempre sem conhecimento de causa...).

Viva a abertura das fronteiras e a UE e ainda bem que fazemos parte dela!!!!!


Bem-vindos à Hrvatska lol (Croácia em croata :D)

quinta-feira, dezembro 28, 2006

EEEEEEEEEEEERRRRRRAAAAAAAAAAAAASSSSSSSSSSSSSSSSSSSMMMMMMMMMMUUUUUUUUUUUUSSSSSSS!!!!!!!!!!!!!!!


Can you still remember the smiles? The joy?? The trips and adventures?! The weather!... KMS?! Our happy life… =)



I hope you do now!

Para quem quer ter um cheirinho do que é fazer erasmus...
Assim se vê a alegria com que vivemos aqueles meses!!

domingo, dezembro 17, 2006

Christmas 2005

Natal! Tempo de alegria, magia e felicidade. Agora que nos aproximamos – mais uma vez – do dia 25 de Dezembro surgem-me muitas lembranças em relação a esse dia do ano 2005.

Após 20 anos a viver o natal à típica maneira portuguesa, com a família e o bacalhau, eis que a rotina se quebra… O ano passado decidi passar esta época em Ljubljana por várias razões: queria aproveitar as férias de Natal para passear (algo que acabou por não acontecer, estive apenas 2 dias fora), queria aproveitar o meu tempo de erasmus ao máximo, sem interrupções, e também porque queria saber como esta quadra é vivida por eles (também de difícil concretização porque não me dava com muitos eslovenos nem tinha tv).
Claro que tive amigos que também decidiram ficar, caso contrário não o teria feito… E até éramos mais do que o que eu supunha inicialmente: cerca de 30.
Muitos dos meus amigos acharam estranho eu não ir a casa “porque o natal é para passar em família”, etc, mas realmente a mim não me custou, até porque já perdi quase todo o espírito natalício. Para mim é apenas mais uma ocasião em que a família se junta.
Confesso que no dia 24 tive algumas dúvidas se teria tomado a melhor decisão. Mas depois quando telefonei aos meus pais à noite e a minha irmã me disse que eram 10 da noite e já tinham aberto as prendas e estava a ir cada um para suas casas percebi que tinha mesmo tomado a DECISÃO CERTA!

Assim, no dia 24 lá nos juntámos numa casa onde viviam várias polacas e uma espanhola. No meu grupo éramos 14 pessoas de 7 nacionalidades: eu, uma finlandesa, um turco(!), um gajo que penso que era letão – mal o conhecia, 2 espanhóis, 2 lituanas e 6 polacos. Como é óbvio, o turco não festeja o natal. Como para ele o dia 25 é um dia normalíssimo, não foi a casa e nós decidimos convidá-lo.

Tínhamos combinado que cada um fazia um prato ou uma sobremesa típica da época natalícia do seu país, e então eu decidi fazer uma mousse de chocolate e um bolo de bolacha lol. Como não sabia fazê-los a minha mãe mandou-me as receitas por email! Obviamente que as coisas não saíram bem: primeiro derreti o chocolate para fazer a mousse mas depois não consegui fazer o resto lolol então decidi passar ao bolo de bolacha =) lá segui a receita mas aquilo ficou uma michórdia com mau aspecto (para começar, lá nem existem bolachas Maria, tive logo que improvisar!). Isto foi feito em casa de uma amiga polaca que me disse logo que não ia comer o meu bolo dado o aspecto e a maneira como eu tinha confeccionado aquilo lol. Ela, vendo o chocolate derretido lá numa taça disse-me “ah, agora vais pôr o chocolate por cima!!”. Grande ideia, pensei eu! E assim foi, o bolo ficou com um aspecto delicioso e quando chegámos a casa das polacas toda a gente me disse que o bolo tinha muito bom aspecto e que queriam provar. Foi a primeira sobremesa a desaparecer :-)

De resto, estava tudo óptimo. Experimentei comida de todos esses países (à excepção da Turquia porque o gajo só levou cerveja lol), com predominância da comida polaca dado o seu grande número. E também fizemos a “cerimónia” à maneira deles. Conclusão, o jantar estava marcado para as 6 da tarde!!!! Devido às minhas aventuras culinárias acabei por me atrasar um pouco e com isso atrasei a polaca e uma finlandesa que também esteve nas lides da cozinha connosco. Elas as 2 foram o tempo todo a chagar-me o juízo quando íamos no táxi! Porque “quando se combina uma hora deve-se chegar 10 minutos antes” dizia a finlandesa lol. Só chegámos 5 minutos atrasados mas elas ficaram mesmo chateadas comigo e lá de casa das polacas, passados 2 ou 3 minutos das 6, já me estavam a telefonar!

Foi um fim de tarde/noite animado e caloroso. Depois do jantar ficámos na conversa, fizemos jogos e houve até quem cantasse músicas típicas. Eu não fiz parte desse lote de corajosos ;-) Os polacos optaram pela modalidade de beber shots de vodka com a maior naturalidade, só para se irem entretendo!... Graças às novas tecnologias (viva as webcams!) conseguimos até entrar em contacto com amigos que tinham ido a casa! Foi giro! Um natal diferente e que me agradou bastante.

Acho que fomos uma espécie de União Europeia em miniatura cheia de espírito: unidos nas nossas diferenças e com vontade de partilhar e aprender. E até tivemos um turco à mistura yac yac!!!

sexta-feira, novembro 24, 2006

Frio!

Uma das (muitas) razões que me levou a escolher a Eslovénia foi algo que afastaria imediatamente muitas pessoas: o clima!!
De facto, ao enverdar pelo programa erasmus tinha como objectivo vivenciar coisas novas e aprender. E quanto mais, melhor :) tinha aqui a oportunidade de viver num clima diferente do nosso e assim foi.

Os primeiros 15 dias foram de chuva intensa, mas depois quase não choveu mais durante o tempo todo.
Em Outubro e Novembro já fazia algum frio... mais ou menos como cá em Dezembro. Em meados de Novembro deixei de usar os casacos "normais" que aqui usamos e passei a usar sempre casaco de penas (daqueles que ficamos tipo o boneco da Michelin!) ou um outro kispo que tinha comprado alguns meses antes de ir e que só tinha usado uma vez. Além disso o cachecol, luvas e gorro passaram a ser os meus melhores amigos :p. A partir desta altura - ou até mesmo antes - a temperatura oscilava +/- entre os -3 graus e os +5. Só me lembro de 4 ou 5 vezes desde essa altura até voltar a Portugal, da temperatura ter atingido os 5 graus. Mas mesmo que a temperatura atingisse os 5 graus positivos, tal não significava "calor". Por vezes o céu até estava limpo mas a temperatura não subia porque o sol era fraco, não aquecia, apenas fornecia luz.

Dia 22 ou 23 de Novembro cairam os primeiros flocos de neve e do dia 25 ao dia 27 foi o primeiro grande nevão em que nevou quase incessantemente. As ruas ficavam quase intransitáveis nas primeiras horas e o trânsito caótico porque os limpa-neves apenas empurram a neve da estrada para as bordas e para os passeios, ou seja, o espaço para os carros era poucos e para as pessoas era nenhum!! Depois mais tarde lá faziam carreiros entre os montes de neve para as pessoas :)
Normalmente 2 ou 3 dias antes de nevar fazia mais frio e depois ficava melhor, como quando chove. E que lindo é nevar!!! Aqueles floquinhos inofensivos que caem e não nos molham e deixam a paisagem "à pólo norte" =) E que sensação aquela de ser o primeiro a pisar um caminho onde ainda ninguém passou e deixar lá as nossas pegadas ao som de um "trrr, trrr" em cada passo que damos! E as guerras de bolas de neve?!... LINDO!
Entretanto a neve na rua ia derretendo, principalmente devido à passagem dos carros. Os montes que estavam nos passeios derretiam muito lentamente mesmo porque as temperaturas baixas conservavam a neve. Assim, nas ruas menos importantes (em que os serviços de limpeza não actuavam tanto) às vezes estava um mês sem nevar mas os montes ainda lá estavam com tamanhos consideráveis!! E depois voltava a nevar 2 ou 3 dias seguidos e pronto... mais do mesmo e com os montes a irem acumulando! Além disso a neve depois de entrar em contacto com o chão, e com a passagem dos carros, tornava-se numa espécie de lama bastante dura e resistente e também escura e feia.

Com estas temperaturas, andar na rua reduz-se ao máximo. Quase só estávamos na rua quando precisávamos de apanhar o autocarro. Uma vez a temperatura estava "alta" - 4 ou 5 graus! - e eu decidi não levar o gorro... Ainda por cima nesse dia tive que andar bastante porque tive de ir à nokia e não sabia bem onde era. Conclusão: ao fim de 10/15 minutos tinha a cabeça bué fria e as orelhas doiam-me! Mas doiam a sério lol. Tive que fazer o resto do caminho com as mãos nas orelhas feito tótó e com frio também nas mãos, que, mesmo com umas luvas especiais, com forro, iam sempre nos bolsos!!
Uma coisa que me aconteceu muitas vezes quando chegava à noite a casa (havia poucos autocarros, tinha que andar uns 20 minutos a pé) era sentir o queixo preso e por causa disso não conseguia articular muito bem algumas palvaras porque o maxilar não funcionava como de costume! Andar de bicileta então era uma tarefa dantesca, com a deslocação do ar parecia que engolia aquele frio todo.


Às vezes, mesmo em casa o ambiente não era o mais agradável porque o nosso senhorio desligava os aquecedores!!! (pensamos nós que seria para pagar menos gás, o sacana!). A roupa demorava dias a secar dentro de casa, e pô-la na rua era o mesmo que deixá-la dentro de uma bacia de água...

Em Janeiro e Fevereiro as temperaturas desceram bastante. Nós estavamos sempre "em cima" dos termómetros porque havia 3 ou 4 bem grandes espalhados pela cidade. O mínimo que vi foram -10, mas houve quem tenha visto menos. Isto foi durante o dia mas até penso que faia mais frio de dia que de noite, porque de dia era um frio seco e à noite fazia muita humidade (ás vezes via-se mesmo a humidade como se estivesse a borranhar) que torna o tempo mais húmido e talvez mais fácil de suportar.
De qualquer maneira não eram só as baixas temperaturas que eram dificeis de aguentar. o vento é aqui um factor fundamental lol. Um dos dias mais frios foi sem dúvida em Zagreb, com +5 graus!! Mas o vento era tão forte e gelado que eu mais parecia um cubo de gelo a deslizar pela rua!!!

Quando fui a Viena e Bratislava ( finais de Janeiro) também estavam temperaturas muito baixas e muito vento. Foram 3 dias a apanhar muito frio porque estávamos o dia todo na rua a passear e a visitar e esses sim devem ter sido os mais frios da minha vida. As mãos mesmo com as luvas e nos bolsos doiam, principalmente os dedos. Era de tal ordem que até a simples tarefa de tirar uma foto se tornava penosa :S De vez em quando tinhamos que entrar em lojas de souvenirs para quebrar um bocado aquele ritmo e apanhar algum calor. Nestas temperaturas as calças de ganga tornam-se pesadas e tesas e muito frias. Para mim era preferível estar parado, pois com a deslocação elas tocam-nos na pele e passam-nos todo aquele frio acumulado... Brrrr!!!! A solução que adoptámos foi... vestir as calças do pijama por baixo das calças lololol. E foi uma excelente ideia que um amigo espanhol teve (curioso!...). De resto eu andava lá que parecia o corcunda de notre dame,na tentativa inconsciente de proteger o pescoço, sempre com os ombros ao pé das orelhas!! E no fim do dia... ui, que dores de costas lool!

Em Praga e Berlim (inícios de Fevereiro) também fez muito frio, passou-se mais ou menos o mesmo que em Viena, mas aí usei logo o truque do pijama desde o primeiro dia LOL.

Quando saí da Eslovénia e antes de vir para Portugal, passei 3 ou 4 dias em Roma. Cheguei lá no dia 11 de Fevereiro à noite. No outro dia de manhã, quando saí à rua estavam 7 ou 8 graus, o sol brilhava, iluminava e... AQUECIA!!! Naquele momento, lembro-me, esbocei um sorriso! Apenas o facto de aquele sol produzir um efeito de calor no meu corpo fez-me ficar um bocadinho mais alegre. É curioso que só aí dei o real valor ao sol, não tanto quando não o tive. Percebi então a sorte que temos em viver num dos países mais quentes e solarengos da Europa. E só aí, após 3 ou 4 meses a viver com temperaturas entre os -10 e os +5, consegui perceber por mim próprio porque é que os estrangeiros lhe dão tanta importância... ao SOL e também porque sorriam muito para nós quando dizíamos que éramos portugueses ao mesmo tempo que diziam bastante empolgados e contentes "oh! Portugal... sun, beach, nice people, parties!!!".

Não duvido que o nosso clima e o nosso SOL QUE AQUECE são razões bastante influentes na nossa maneira de ser e que nos tornam pessoas bem dispostas e acolhedoras! Esta foi mais uma grande experiência não só porque me permitiu viver uma nova realidade como também me permitiu valorizar uma coisa à qual não damos o devido valor por termos "sempre à mão". E ainda permitiu conhecer-me melhor enquanto português, algo que praticamente só é possível quando nos afastamos de nós próprios e aprendemos a olar-nos segundo a perspectiva de outrém.

Nas fotos está a minha rua após um grande nevão e um boneco de neve feioso que eu lá fiz =)


segunda-feira, novembro 06, 2006

O vizinho assassinado!

Já não me lembro do dia exacto em que isto se passou, sei que foi um domingo em Novembro, ou dia 6 ou dia 13, mas o que se passou foi o seguinte: após um sábado de noitada (muito provavelmente no kmš lol) acordei já bastante tarde, por volta da hora de almoço ou até mesmo depois (oh que espanto!). O pessoal lá de casa foi saindo para ir ao centro almoçar ou dar uma volta, e em casa fiquei apenas eu e a Maria. Eu estava a fazer um trabalhito para uma qualquer cadeira e ela estava na despensa com o portátil na janela, ao frio a roubar a net ao vizinho =). Começámos a ouvir berros de mulher e também choro mas não ligámos, pensando que seria alguma discussão numa das casas vizinhas (numa zona de vivendas). Passado algum tempo começámos a gozar com a situação e questionarmo-nos do que se estaria a passar, pois já não a podíamos ouvir!! Eu pensei que fosse um caso de violência doméstica! Olhei pela janela das traseiras mas como não vi nada voltei ao trabalho (que trabalhador!...). Recordo-me perfeitamente de nessa tarde ter falado com o meu pai ao telefone e lhe contar a situação e dizer em tom de brincadeira “até parece que morreu alguém”…
Entretanto o pessoal começou a voltar para casa e disseram nos que estava um grande alarido de polícia e ambulâncias na casa em frente à nossa, do outro lado da rua. Só então, descobrimos que a situação era grave.
Quando saímos à rua deparámo-nos com um enorme arraial não só de polícias e afins mas também de vizinhos a olhar (afinal não é só o tuga que é “olheiro” lol) e de várias mulheres aos berros e a chorar, cá fora. Pensámos que tinha morrido alguém mas estranhámos a polícia… Enfim, alguém ganhou coragem para ir perguntar (acho que foi a Guida!) e foi aí que uma vizinha nos disse “o senhor que morava aqui foi ASSASSINADO!”. Assassinado!!!!!!!! Ali! : do outro lado da rua, a 20 metros da nossa porta! Assassinado é uma palavra difícil de ouvir, especialmente quando se trata do nosso vizinho, mesmo não o conhecendo. Por momentos uma pessoa pensa “epá, isto foi perto…”.
Nessa altura não percebemos nada do que se estava a passar. Parecia uma cena à CSI: havia uma fita azul da polícia a rodear a casa, impedindo a passagem, havia uns homenzinhos todos vestidos com fatos especiais brancos tipo ETs a inspeccionar tudo e mais alguma coisa…

Voltámos para casa e claro que os acontecimentos foram tema de conversa até ao fim do dia (e dias subsequentes). Mais tarde, nesse mesmo dia, vieram-nos bater à porta: era um dos 3 vizinhos eslovenos (estudantes) que viviam mesmo por baixo de nós. Disseram-nos para irmos a casa deles porque estava lá um inspector a fazer interrogatório. Perguntou-nos de onde éramos, o que estávamos a lazer, à quanto tempo lá vivíamos, etc. E também o que tínhamos feito o dia todo e se tínhamos visto ou ouvido alguma coisa. Todos respondemos que não. Ainda nos perguntou se tínhamos visto alguém com uma arma lol. Antes de sairmos disse-nos que não tivéssemos problemas nenhuns porque aquilo era um caso isolado, são casos pontuais que acontecem mas que não punham a nossa segurança em causa. Para terminar disse a frase cliché: “se se lembrarem de alguma coisa contactem-nos”. Exactamente como nos filmes!

Já ao final da noite, antes de me ir deitar resolvi dar mais uma olhadela pela janela e eis que vejo um “saco de plástico” branco, comprido a ser transportado para uma ambulância :( certamente foi uma das piores coisas que vi até hoje… Depois arrependi-me de ter ido à janela! Mais ninguém viu aquilo, apenas eu. Já sabíamos que nos íamos arriscar a tal coisa então o pessoal resolveu não ir mais à janela. Mas eu com aquela curiosidade à puto!... Argh!...

Ficámos um bocado assustados e nos dias seguintes resolvemos ter mais cuidado. Por exemplo, nem sempre fechávamos a porta à chave (mesmo com a casa vazia) e começámos a fazê-lo. Devo dizer que senti algum receio, mas controlável, até porque durante alguns dias a polícia esteve à porta da casa 24 horas por dia. Talvez me tenha sentido um pouco mais inseguro quando eles abandonaram a vigia. Por um lado fazia fé nas palavras do inspector e pensava que em todo o lado há assassinatos (sim, em Portugal também os há mas normalmente ouvimos falar deles pela televisão, não se passam com o “Sr. Zé” da frente!). Por outro lado, de vez em quando tinha aqueles pensamentos estúpidos tipo “tive o dia todo em casa, será que o gajo me viu e não quer deixar testemunhas?!” LOLOLOL.

Passaram-se os dias e as coisas voltaram à normalidade. Até me parece que soubemos lidar bem com o assunto, tínhamo-nos uns aos outros e funcionámos bem enquanto grupo nesta situação de algum stress. De vez em quando iam surgindo notícias sobre o caso, pelo que, cerca de um mês depois sabíamos mais ou menos o que se tinha passado: o Sr. foi morto com 4 tiros… Parece que a casa era recente e que ele a tinha construído com dinheiro emprestado pela máfia que actuava na antiga Jugoslávia. Quando o país se desintegrou eles passaram a actuar mais na Sérvia, Croácia e Bósnia mas neste caso tinham ido atrás do individuo – com nacionalidade eslovena e bósnia – onde ele estava, por não ter pago o que devia… Não me lembro bem mas penso que depois apanharam os autores do crime.

Resta dizer que o sitio em que vivíamos, “Murgle”, era um dos bairros mais “in” de Ljubljana (ou mesmo o mais). Quando eu dizia aos eslovenos que lá vivia, a reacção deles era de espanto: “A sério?! Nesse bairro vive o 1º ministro e o antigo presidente da república!” E realmente viam-se muitos carros de polícia, especialmente à noite. As casas não eram nada de especial, mas que aquilo tinha fama, tinha :)

Agora posso dizer que foi mais uma experiência do meu erasmus. Na altura não achei muita piada mas isso não mancha nem um pouquinho a cidade, o país ou a vivência que lá tive. Foi apenas um questão de azar. Aliás, azar teria sido se o assassino se enganasse e entrasse na casa em frente LOL…

A primeira foto é com a minha casa e a segunda éo outro lado da rua (é a da esquerda)...


sábado, novembro 04, 2006


Emoções fortes. Experiências marcantes. Momentos especiais. Amizades, aventuras, nomes e sorrisos. São estes aspectos que recordamos pela vida fora. São estas vivências que nos fazem viver e sonhar, recordar pela vida fora o que um dia fomos e fizemos. É com este intuito que escrevo este blog, para que, um dia mais tarde, continue a lembrar-me de quase tudo, ou pelo menos das coisas mais importantes. Procuro assim lutar contra o tempo, contra a nossa memória fraca que se vai dissipando ao longo dos tempos. Certamente que hoje, passado um ano dessa grande experiência ERASMUS EM LJUBLJANA, há coisas de que já não me lembro e assim continuaria num processo evolutivo ao longo dos anos, que culminaria, dentro de uns anos (dezenas, talvez), numa breve lembrança do que um dia foram esses 4 meses e meio. Óbviamente que os milhares de fotografias que tirei me ajudarão nesse exercício mental de luta contra o tempo, todavia, alguns dos momentos mais marcantes foram os expontâneos, os imprevisíveis aos quais a fiel máquina fotográfica, sempre na bolsa a tiracolo não teve tempo de responder. Esses sim, são os momentos que aqui tentarei imortalizar.

Porquê fazê-lo num blog? Escrever uma espécie de diário/memórias seria para mim exactamente igual, para mim o importante é poder reler estas experiências sempre que o desejar. Contudo, penso que isso seria algo egoísta, visto que esses momentos foram partilhados com outras pessoas que certamente também terão dificuldade em recordar tudo e às quais dará um especial gosto revivê-las (obviamente, limitado aos portugueses e talvez aos espanhóis). Outro factor importante para o fazer em blog são os demais. Os que não fizeram erasmus ou que fizeram noutros locais e que, portanto, não conseguem compreender (pelo menos não tão bem) o que é esta experiência. Espero que possam de alguma forma, pôr-se na minha pele e dos que comigo por lá viveram...

E porquê o nickname de “Prešeren”? France Prešeren (lê-se “prêchêrane”) foi o maior escritor esloveno. Viveu entre 1800 e 1849 e teve um papel importante na formação do sentimento esloveno enquanto povo e país, visto que nessa altura a Eslovénia era parte da Áustria (afinal as aulas de Sócio-Economic Development and Contemporary Slovenia serviram para alguma coisa!). Aquando da independência em relação à Jugoslávia, em 1991, o seu poema “Um brinde” tornou-se no hino nacional.
Mas este nickname não pretende apenas honrar tão importante figura. A praça principal de Ljubljana chama-se Prešerenov Trg (Praça de Prešeren) e foi palco de inúmeros episódios desde encontros marcados lá até à passagem de ano de 2005 para 2006 na companhia de muitos amigos e de um extenso fogo de artifício de cerca de 30 minutos. É ponto de confluência de ruas importantes e um óptimo sítio para passear ou descontrair numa esplanada ao ar livre. Também nesta praça está um monumento famoso – “Tromostovje” (Três Pontes), como o nome indica são três pontes seguidas – que a ligam ao outro lado do rio Ljubljanica. Este é, então, o ponto mais nobre da cidade e onde por vezes se realizavam concertos e animação de rua. Prešeren é sem dúvida um sinónimo do meu erasmus!

Nas fotos uma vista aérea da praça (grande Google Earth (-: ) e uma vista noturna excelente da praça com as pontes, a estátua do Prešeren por cima e os edificios circundantes (a igreja cor-de-rosa é fenomenal!).